Tráfego intenso, excesso de caminhões e curvas sinuosas. Tem gente que faz de tudo para evitar esse cenário, comum em muitas estradas brasileiras, durante os deslocamentos entre cidades. Mas na Bolívia, o perigo virou produto turístico e atrai viajantes que pagam para acrescentar alta dose de adrenalina em sua viagem...
Tráfego intenso, excesso de caminhões e curvas sinuosas. Tem gente que faz de tudo para evitar esse cenário, comum em muitas estradas brasileiras, durante os deslocamentos entre cidades. Mas na Bolívia, o perigo virou produto turístico e atrai viajantes que pagam para acrescentar alta dose de adrenalina em sua viagem: são os ciclistas (profissionais ou não) que serpenteiam as vertiginosas curvas da Rota da Morte, a estrada mais perigosa do mundo.
Para encarar o Camino Yungas, a via que une La Paz a Coroico, dois requisitos são fundamentais: saber equilibrar-se sobre uma magrela e ter muito espírito aventureiro para ‘despencar’, verticalmente, os 3.400 metros que separam as duas cidades, e a uma velocidade que chega aos 50 quilômetros por hora. Do resto, a sorte e a natureza se encarregam.
O circuito começa em La Cumbre, aos pés da montanha Huyaina Potosí, a 11 km da caótica La Paz. Ali, rodeado pela beleza árida da região, o aventureiro recebe as instruções de como comportar-se diante das curvas que rasgam abismos profundos, faz alguns ensaios (ainda em terreno seguro) e, em poucos minutos, lança as duas rodas sobre o cimento quente de uma das rodovias mais cobiçadas por viajantes aventureiros (e ‘malucos’).
O frio não vem apenas da barriga do aventureiro, mas também do lado de fora. Uma das curiosidades desse circuito é a mudança de climas e de temperatura ao longo da arriscada e radical viagem pela região. Os ciclistas começam a aventura no altiplano boliviano para ganhar, logo adiante, um terreno esverdeado com cheiro de Amazônia, conhecido como Yungas, a pré-selva amazônica.
O perigo existe e é iminente, sobretudo em curvas extremamente fechadas que tiram todo o campo de visão de quem se aventura naquele terreno. Mas as agências contratadas costumam contar com profissionais que acompanham o comboio durante toda a viagem e que ajudam no transporte das bicicletas, explicação das rotas e possíveis resgates e primeiros auxílios em casos de acidentes que, em alguns casos, chegam a ser fatais.
O título mortal dessa estrada de terra escorregadia e com centenas de curvas fechadas foi dado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Mas os riscos não são recentes e começaram bem antes de ônibus lotados de passageiros despencarem em profundos abismos.
A fama vem por conta de um filho de escravos que aterrorizava brancos e mestiços que passavam pela estrada, na segunda metade do século 19. Salvador Sea, popularmente conhecido como Zambo Salvito, mantinha uma caverna estratégica no caminho aos Yungas, onde se refugiava após os assassinatos e roubos que cometia. Salvito era uma espécie de Robin Hood dos índios aymarás e dos escravos de origem africana.
Atualmente, a estrada já não oferece esse tipo de perigo, até mesmo para quem a cruza em automóveis. Há três anos, o caminho ganhou um desvio asfaltado e melhor sinalizado, e as comunidades locais viram diminuir os índices de acidentes.
O que sobrou daquela época é uma estrada de terra que, hoje, é utilizada apenas com fins turísticos ou para abastecimento de algumas comunidades locais. Tem gente que ainda prefere seguir o caminho das pedras para apreciar as paisagens exuberantes das altas montanhas de picos nevados bolivianos, da pré-selva e das dezenas de cascatas que completam o cenário. E se tiver vento forte na cara, a aventura fica melhor ainda.
Galeria de fotos abaixo.
Detalhes da Rota da Morte
Serviço:
Free Bikes Mountain Biking
Tel: (591) (2) 245-0917 / 7153-9549 (La Paz)
www.freebikesbolivia.com
Fonte: UOL Viagens, por Eduardo Vessoni
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